OPERÁRIO FERROVIÁRIO ESPORTE CLUBE
Operários da Americam S. Engineering Co., companhia ferroviária encarregada de construir a linha férrea que ligaria São Paulo - Paraná - Rio Grande do Sul, organizaram uma equipe onde funcionava o escritório desta empresa. Charles Wright, apaixonado pelo esporte que já tinha praticado na Inglaterra, trouxe de lá vários materiais esportivos como chuteiras, caneleiras, joelheiras, meias e uma bola. Vários pontagrossenses fizeram parte da primeira equipe e entre eles Flávio Carvalho Guimarães, atacante este que foi o responsável pelo primeiro gol do futebol paranaense contra o Ginástico Turneverein de Curitiba, em 23 de outubro de 1909. O Ponta Grossa Sport Clube venceu por 1 a 0, gol de Flávio Carvalho Guimarães no jogo realizado no Jockei Clube Pontagrossense.
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Conforme dados do Estatuto do clube, em 1º de maio de 1912, estes mesmos operários da ferrovia encarregaram-se da fundação do Foot Ball Clube Operário Pontagrossense. Da primeira diretoria constavam os nomes de: Raul Lara (presidente), Oscar Wanke (vice-presidente), Antonio Joaquim Dantas (1º secretário), João Gotardello (2º secretário), Joaquim Eleutério (1º tesoureiro), Álvaro Eleutério (2º tesoureiro), Victorio Maggi (1º Capitão), Oscar Marques (2º Capitão) e João Simonetti (fiscal de campo).
O nome do seu Estádio é Germano Krüger pelo fato deste senhor ser um dos chefes na Rede Ferroviária na época. Este atuou para que a Rede cedesse o terreno pertencente a ela, como também liberava os funcionários ao final do expediente para que estes auxiliassem nos trabalhos da construção.
Se por um lado os operários da ferrovia fundaram o Operário, os comerciantes, comerciários e a elite da cidade decidiram fundar o Guarani Sport Clube, em 1913. Ainda nos dias atuais, para muitos é impossível falar em Operário Ferroviário sem citar o Guarani, saudosos da rivalidade nos clássicos que receberam o nome de "OPEGUA". As duas equipes se enfrentaram pela primeira vez em 22 de novembro de 1914, quando o Operário venceu o rival pelo placar de 1 a 0. Neste ano, o Operário tido como um time empolgante, passou com facilidade por todos os demais clubes pontagrossenses e foi aclamado campeão em seu estádio com as arquibancadas lotadas e o goleiro Adolfo Piva foi homenageado recebendo das mãos do presidente do clube João Fernandes de Castro, uma medalha como verdadeiro craque da bola. Esta equipe foi formada por: Adolfo Piva, Antônio Moro, Azevedo, Jacequay, Henrique Piva, João Simonetti, Souza, Ewaldo Meister, Alexandre Bach, Frigo, Oscar Serra, José Frehse, Recotoffre, Pivinha e Gotardello.
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Disputando o campeonato pela segunda divisão da Associação Paranaense de Sports Athléticos em 1916, o Operário conquistou o título jogando contra as seguintes equipes: Guarani, Torino, Humaitá, Puritano, Água Verde, Savóia e Operário de Curitiba. Em 1917, os curitibanos começaram a chamar o Operário de "Fantasma" porque não dava folga para os clubes da capital e neste ano foi considerado a melhor equipe do futebol paranaense. Em 2 de maio de 1918, fundou-se a Liga Sportiva Pontagrossense. O troféu do campeonato desse ano, Taça Dr. Glasser, foi oferecido por Abraham Glasser, Prefeito Municipal. O Operário conquistou o primeiro título da Liga jogando com Tuffy Nejen, Alexandre Bach, Nandico, Henrique Piva, Lima, José Frehse, Azevedo, Ewaldo Meister, Tito Piva, Paulistinha e Ludovico Brandalise. Tornou-se bi-campeão desta mesma taça em 1920. Entre algumas curiosidades do mundo esportivo, uma merece destaque:
"Comentam-se no mundo esportivo as façanhas dos goleadores que enchem a rede dos adversários em um único jogo. Em uma só partida, Edson Arantes do Nascimento (Pelé), o atleta do século, marcou sete gols. Braz, do São Cristóvão do Rio de Janeiro, balançou nove vezes a rede do Mangueira em 1920. Sete gols foram marcados por Drake do Arsenal da Inglaterra e Araken do Santos, também marcou sete vezes contra o Ipiranga de São Paulo. Entre tantos goleadores, José Ernesto, muitas vezes campeão pelo Operário e pelo Coritiba, marcou 10 gols em 1929, pelo Operário em um jogo contra o Olinda de Ponta Grossa, na vitória de 13 a 3".
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1924 - Vice-Campeão Paranaense
1924 - Vice-Campeão Paranaense
Nessa temporada, o Operário derrotou todos os seus adversários e conquistou o Campeonato Pontagrossense de 1923. Passou por União Campo Alegre, Caramuru, Irati e Teixeira-Soarense, sagrando-se campeão da liga regional do interior, chamada de Liga Paranaense de Desportos. Em partida marcada pela Associação Paranaense, o campeão do interior jogou com o Britânia, campeão curitibano, em 28 de setembro de 1924, quando perdeu por 6 x 3. Na foto a equipe do Operário de 1923: em pé estão, Leopoldo Pinto Rosas, Arnoldo Meister, Alvino Meister, Nico Ramalho, Samuel del Claro, Nhoca, Ercílio Giraud e Domingos Pitella. Ao centro: Kamaradt, Chicharrão, Elísio, Constante Raicoski e João Costa. Sentados: João Cândido, Bijou e Henrique Piva.
1925 - Vice-Campeão Paranaense
Ratificando a sua supremacia no futebol pontagrossense, o Operário conquistou o título de 1925. Assim, seguia disputando o título paranaense com os clubes da Capital. Pelo título de 1925, jogou com o Atlético Paranaense em 26 de junho de 1926, perdendo pelo placar de 6 X 1.
*1926 - Vice-Campeão Paranaense
Disputou novamente o título paranaense contra o Palestra Itália da Capital, empatando em dois gols. O placar determinou um novo jogo marcado para Ponta Grossa, mas o encontro não aconteceu em razão dos inúmeros "compromissos" do Palestra. Assim o Palestra, apenas por ser da Capital, foi declarado campeão da temporada.
É impressionante a falta de escrúpulos dos dirigentes da Federação Paranaense e dos clubes da Capital, como também o são as corriqueiras prosternações dos dirigentes do futebol do interior do Estado. Neste caso, está mais do que caracterizado tratar-se de um caso de W.O.. Isto só pode nos levar a imaginar que se não fosse este “coronelismo futebolístico” de épocas anteriores, muitos outros títulos atribuídos aos clubes da Capital, caso fossem reanalisados de forma imparcial e honesta, deveriam ser devolvidos a clubes do interior do Estado. Mas será que nestes tempos atuais as atitudes mudaram ? Fica aqui esta indagação para você leitor para sua própria análise e reflexão. Tão irônico quanto este ocorrido é que nunca houve contestação por parte de qualquer dirigente do clube. Se um título não é interessante financeiramente para os que o dirigem, poderiam considerar uma única vez que fosse, que o é para os verdadeiros interessados, os torcedores do Operário Ferroviário. Alguns preferem desviar as atenções para o assunto dizendo que tal fato já “caducou judicialmente", porém é bom lembrar que há pouquíssimo tempo clubes grandes do futebol brasileiro lutaram na justiça pelo reconhecimento de títulos de décadas passadas, o que abre precedentes. Seria demais esperar atitudes semelhantes vindas dos dirigentes daqui ?